terça-feira, 20 de dezembro de 2011

REGRA DE TRÊS


Sétimo romance escrito por Diedra Roiz. Postado pela primeira vez de Março a Dezembro de 2010.

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SINOPSE:

Cris e Silvinha, duas amigas lésbicas, estão à procura de alguém para dividir o apartamento com elas, e quem sabe, até algo mais.
Geralmente, quem procura acha. O que não quer dizer que vai encontrar, exatamente, o que buscava.
Inúmeras confusões, seduções e trapalhadas marcam esta comédia romântica cheia de situações e personagens engraçadas.




MÚSICAS QUE INSPIRARAM A HISTÓRIA:











Capítulo Um


- Olha só, Silvinha: o anúncio foi pra encontrar alguém pra dividir o apê com a gente. Não pra achar uma pretendente pra você.
Depois de uma mordida no pão que segurava, de boca cheia mesmo, os farelos saltando a torto e a direito, Silvinha respondeu:
- Mas podemos unir o útil ao agradável, não podemos? Quem sabe a minha alma gêmea não acaba vindo parar aqui dentro?
Depois de uma risada absolutamente escrachada, Cris retrucou:
- É, até poderíamos...
Desligou o fogo, pegou a chaleira e derramou a água fervendo no coador de café em cima da garrafa térmica. Depois completou:
- Se essa coisa de alma gêmea existisse.
Já com a xícara estendida, Silvinha disse:
- Amiga, se eu não te amasse tanto diria que... Putz, Cris... Você é horrível!
A reação de Cris foi voltar a rir. Enquanto enchia a xícara de Silvinha direto do coador. A superioridade de sempre na voz, quando contestou:
- Horrível não. Realista.
Foi a vez de Silvinha rir:
- Realista? Insensível, isso sim!
Ainda segurando o coador e a térmica, Cris perguntou:
- Insensível por quê?
Voltou a depositar tudo em cima do mármore da pia. Pegou duas fatias de pão de forma e colocou na torradeira, enquanto Silvinha dizia:
- Ah, Cris... Nem vem! Você nunca está sozinha. Nas raras ocasiões em que está solteira, tem esse sem número de... Como eu posso definir? Mulheres satélite?
Cris pegou o pote de geléia e uma colher. Gargalhando. Antes de virar-se para a amiga:
- Olha lá! Mais respeito! Me apaixono facilmente. Não tenho culpa, não é mesmo? Queria o quê? Que eu ficasse igual a você: solitária enlouquecida, numa cruzada em busca da mulher da minha vida?
Brandiu a colher imitando movimentos de esgrima. As duas riram. Antes de Silvinha novamente responder:
- Não, né. Mas também não precisa ir passando o rodo pelo caminho... Afinal, como diz o ditado: quem muitas ama, não ama ninguém...
Cris enfiou a colher no pote, e colocou uma porção tão grande de geléia na boca que teve dificuldade em dizer sem babar nem cuspir:
- Nem vem! A diferença entre nós, Silvinha, é só uma. – parou para engolir - Eu sei aproveitar a vida enquanto espero.
Lambeu a colher até deixá-la completamente limpa. Nesse momento, os pães saltaram. Com tanta força que se projetaram. O primeiro caindo no chão. O segundo, Cris conseguiu interceptar com um pratinho:
- Definitivamente, precisamos consertar essa torradeira!
Pegou a fatia do chão, com a intenção de jogá-la no lixo. Mas Silvinha a impediu:
- Jogando comida fora? Que desperdício! Me dá isso aqui!
Soprou o pão, afirmando, convicta:
- O que não mata engorda, amiga!
Atacaram juntas o pote de geléia. Disputando quem conseguia besuntar primeiro a própria fatia. Como sempre, Silvinha.
Sentou vitoriosa na cadeira onde estava antes, e após morder o pão como se estivesse faminta, prosseguiu:
- Quer dizer então, que só está aproveitando enquanto espera... Espera o que, posso saber?
Com a mesma forma exagerada e melodramática com que mordeu o pão, Cris esclareceu:
- A mulher certa. A que vai dar sentido a minha vida vazia. Aquela destinada a fazer com que todas as outras pareçam invisíveis, nada, ou... Restos.
Silvinha sacudiu a cabeça negativamente, em total desaprovação:
- Pobre coitada. Resto é o que vai sobrar pra ela, isso sim.
Fazendo Cris rir. Da forma mais sacana possível:
- Tenho culpa se passaram mel em mim?
Silvinha pensou alto. Simplesmente escapou:
- Pois em mim devem ter passado esperma!
As duas se olharam, antes de exclamarem juntinhas:
- Eca!
Riram gostosamente. Terminaram de tomar o café. Silvinha lentamente, com cuidado para não queimar a boca. Cris praticante de um gole só.
Enquanto ajudava Cris a colocaram a louça na pia, Silvinha insistiu:
- Pois meu lema vai continuar o mesmo: pra que esperar, se posso buscar?
Cris a olhou reprovando completamente:
- É por isso que nenhum relacionamento seu dá certo. Ansiosa demais, assusta as mulheres. Acabam todas correndo de você. Vai é arrumar um jeito da sua alma gêmea nem passar por perto!
Silvinha mostrou a língua para a amiga, antes de dizer:
- Isso é o que nós vamos ver!
De uma forma muito, mas muito determinada mesmo.

 
Silvinha havia acabado de tirar o jaleco, pronta para sair do laboratório e ir almoçar, quando o celular tocou. Procurou em cima da bancada, na própria mesa, na bolsa.
Nada.
Tentou seguir o som, mas parecia vir de todos os lados... Ou então... Sempre de onde estava... Olhou para baixo... Para o casaco de moleton que estava usando. Colocou a mão no bolso em frente à barriga... E o aparelho estava lá. Igual a um filhote de canguru escondido.
Felizmente, ainda não havia parado de tocar. Pela persistência, Silvinha já sabia quem era:
- Fala, Cris!
A voz do outro lado reclamou como sempre fazia:
- Caramba, Silvinha! Será que algum dia você vai atender sem eu ter que ligar pela terceira vez? Se fosse a tal alma gêmea, já teria desistido...
Riu sozinha da própria gracinha. Silvinha não deixou barato:
- Me ligou pra ficar fazendo piadinha?
Imediatamente, Cris retrucou:
- Nope! Pra te contar o péssimo andamento das coisas.
Já sabendo do que se tratava, Silvinha primeiro suspirou. E só depois falou:
- Tá. Manda. Quantas você já descartou hoje, senhorita nenhuma é boa o bastante para morar com a gente?
Ignorando a ironia da amiga, Cris questionou:
- Me diz só uma coisa, amiga: você pendurou o anúncio num aeroporto?
Silvinha não respondeu. Ao invés disso perguntou:
- Por quê?
Cris não agüentou:
- Deixa eu ver: porque hoje ligaram uma alemã, uma japonesa e uma argentina. Ou isso, ou estamos com falta de brasileiras no Rio de Janeiro.
Silvinha confessou:
- Coloquei num hostel. Algum problema?
- Não, mas... Não prestou, porque... Nenhuma serviu.
Silvinha olhou no relógio: uma boa parte do almoço perdida. Foi curta e grossa:
- Vamos lá, jogo rápido: a alemã não servia por quê?
- Ela simplesmente desligou.
Obviamente, Silvinha não acreditou:
- Como assim, desligou do nada?
- Tá... Eu fiz uma brincadeirinha.
- Cris...
- Nada demais...
- Cris...
- Eu só falei uma coisinha...
- O quê?
- Heil, Hitler!
Silvinha explodiu:
- Puta que o pariu, Ana Cristina!
O nome completo era sinal de que a amiga estava realmente brava. Mas Cris defendeu o próprio comportamento com o jogo de cintura que o trabalho de assessoria de marketing lhe conferia:
- Se ela não tem um mínimo de humor negro, não ia mesmo conseguir conviver comigo...
Silvinha preferiu não discutir:
- E a japonesa?
- Não falava português. Only English...
- E daí? Eu falo inglês fluentemente, e você também.
- Pô, Silvinha. Pra morar comigo tem que falar a minha língua.
Silvinha não agüentou. Teve que rir. Tentou disfarçar:
- E a argentina?
- Era argentina.
Apesar de duvidar que existisse algum sentido ou explicação plausível naquilo, Silvinha tentou desvendar o raciocínio da amiga:
- Será que perdi alguma coisa? Por que essa eu realmente não entendi.
- Me recuso a dormir no quarto ao lado do de uma pessoa que acha que Maradona é melhor do que Pelé!
- Surreal! - foi o que Silvinha pensou ao ouvir.
Mais ainda com o que veio a seguir: um barulho de descarga inconfundível.
- Cris, eu não acredito! Sabe que eu detesto quando você vai ao banheiro enquanto fala comi...
- Pera! Só um minutinho!
Durante os instantes que se seguiram, Silvinha ficou se esforçando para não imaginar o que a amiga estava fazendo... Sem conseguir. Podia quase ouvir o barulho do papel higiênico. Com uma careta, deixou escapar novamente:
- Puta que o pariu, Ana Cristina!
Que obviamente, Cris não ouviu. Ainda levou algum tempo para voltar, como se nada tivesse acontecido:
- Pronto! Pode falar, Silvinha!
Pelo barulho de água, Silvinha já sabia: lavando as mãos, enquanto equilibrava o celular entre o ombro e o ouvido...
Não disse mais nada. Nem poderia. Apenas suspirou, resignada. Já estava acostumada. Afinal... Aquilo era total e absolutamente Cris.


- Porra, Silvinha! A gente não tinha combinado que ia sempre fazer uma prévia por telefone antes de deixar qualquer uma vir aqui?
Silvinha gritou da cozinha:
- Tive que abrir uma exceção, amiga. A garota não é qualquer uma. Tem referências. E preferência! Pensa: prima da minha amada chefinha.
Cris não pareceu muito convencida:
- Pois não espere que eu faça reverências! Pouco me importa de quem ela é prima. Pode muito bem ser uma psicopata ou uma maníaca...
Como num passe de mágica, teve toda a preocupação dissipada pela aparição de Silvinha trazendo duas caipirinhas:
- Relaxa, porque a menina já deve estar quase batendo aí.
Mas ainda perguntou, enquanto pegava o copo que Silvinha estendia:
- Pelo menos sabe o nome da nossa nova roommate escolhida por puro nepotismo?
Silvinha não deu muita trela:
- Sei lá. Esqueci. Começa com B... Mas pra que diabos você quer saber?
Enquanto misturava melhor a bebida com o dedo enfiado no meio do gelo, Cris descascou:
- Pra que seria, né, Silvinha? Pra fazer a numerologia! Eu, hein? Bom, daqui a pouco nós vamos descobrir. – se ajeitou melhor no sofá, e mudou o tom completamente – Quer saber? Quando o estupro é iminente, relaxe e...
Completaram juntinhas:
- Goze!
Beberam ainda rindo. A careta de Cris após o primeiro gole fazendo Silvinha perguntar:
- Forte demais?
Cris assentiu. Para logo depois completar:
- Abusou, hein amiga? Álcool na veia! Já me vi deitada na sarjeta com uma cachorra desconhecida lambendo a minha boca por muito menos...
Silvinha teve que rir:
- Ah, claro! Que desculpa mais perfeita pra atos de promiscuidade: foi o álcool! Acontece que na verdade, bêbados só fazem aquilo que realmente têm vontade. É como diz o ditado: a bebida entra, e a verdade sai...
Olhando para cima, e deixando escapar um suspiro exasperado, Cris replicou:
- Tá bom, Silvinha! Lindo bla bla bla., mas... Primeiro tome um porre, uma vez que seja, pra depois poder falar!
Voltou a sentar no sofá, no momento exato em que o interfone tocou. Silvinha correu para atender:
Cris ouviu a amiga quase gritar para o porteiro, empolgadíssima:
- Manda subir!
Antes de voltar para a sala correndo. Visivelmente ansiosa, ajeitando as roupas e o cabelo:
- Tô bem assim?
Fazendo Cris frisar, da forma mais implicante e irônica possível:
- A pretendente é para o quarto, queridinha. Não pra você.
Mas Silvinha não se deixou abater:
- Quem sabe? Estou com um pressentimento que... – a campainha tocou. Ela completou, antes de atender – Bom... Nós já vamos ver.
Abriu a porta, e...
De onde estava sentada, Cris não conseguiu enxergar, mas pôde imaginar, antes mesmo da garota entrar, só de ver a reação de Silvinha. 
Levantou quase correndo por dois motivos: o primeiro, uma curiosidade irresistível. O segundo, para salvar a amiga, uma vez que...
Silvinha continuou paralisada, completamente muda em frente à porta. De queixo caído...


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OBS IMPORTANTE: 
A história não está completa, disponibilizamos apenas os três primeiros capítulos para degustação. 



Capítulo Dois


Cris quase correu até a porta:


- Oi, prazer! Eu sou Cris, e essa aqui é a Silvinha.


Estacou com a visão que teve. A morena absolutamente...


- Bárbara.


A única coisa que Cris conseguiu pensar, enquanto apertava a mão que o mulherão estendeu, foi:


- Realmente...


Tempo para Silvinha se recuperar o suficiente para sair da frente, permitindo que a pessoa que mais combinava com o próprio nome que já haviam visto entrasse.


Depois de fechar a porta, Silvinha conseguiu gaguejar um inseguro:


- Não quer sentar?


Que Cris completou indicando a caipirinha que ainda segurava:


- Quer uma?


Com um sorriso tão simpático que chegava a ser indecente.


Bárbara sentou no sofá, cruzou as pernas absolutamente perfeitas, passou a língua nos lábios de uma maneira inacreditavelmente obscena, e só então respondeu:


- Obrigada. Eu aceito.


No primeiro momento, nenhuma das duas se moveu. Hipnotizadas pela mulher monumento. Depois, Cris deu um empurrão em Silvinha, dizendo:


- Vai lá você.


Muito a contragosto, Silvinha obedeceu. Cris então voltou toda a atenção ao espetáculo que tinha na frente:


- E então... Bárbara, né? – a morena assentiu com a cabeça – O que você...


Foi interrompida pela campainha. Caminhou até a porta após pedir:


- Com licença...


Aproximou-se do olho mágico achando estranho. Com certo receio. Afinal... Não estavam esperando ninguém, e assaltantes invadindo prédios e fazendo moradores de refém era moda na Zona Sul do Rio de Janeiro...


Silvinha gritou da cozinha:


- Quem é?


Ao mesmo tempo em que Cris olhava, e via... Uma garota de roupas muito coloridas voltar a tocar, com evidente impaciência, a campainha.


- Quem é?


Ainda perguntou, desconfiadíssima. Poderia muito bem ser a isca, e os bandidos estarem escondidos...


No entanto, a resposta foi surpreendente:


- Sou a Brenda. Vim ver o apartamento.


Abriu a porta, ainda sem entender. Não teve tempo de falar, porque... Foi com uma rapidez inacreditável que todo o resto aconteceu...


A garota vestida de forma carnavalesca arregalou os olhos, chocada com sabe-se lá o que... O berro de pavor que Silvinha soltou da porta da cozinha ecoou por toda a sala... Cris se virou e também não acreditou no que viu...


Bárbara inteiramente despida, com exceção de uma calcinha minúscula e absolutamente transparente, os sapatos de salto agulha e um chicotinho que brandia no ar, enquanto dizia com uma voz grave e dominadora:


- Vou mostrar quem é que manda aqui, cadelas!

A garota multi colorida exclamou:

- Meu Deus, o que é isso?

Silvinha gritou:

- Cacilda Becker! A prima da minha chefe é sadomasoquista!

Cabendo a Cris tentar recuperar a ordem e o controle:

- Que putaria é essa? Cadelas vírgula! Tá pensando o que, minha filha?

Bárbara abaixou o chicote, completamente surpreendida:

- Ué... Não era isso que vocês queriam? Mas foi o pedido...

Imediatamente, Cris inquiriu:

- Pedido? Que pedido?

Como resposta, a dominatrix ainda despida questionou:

- Aqui não é o 207?

Foi Silvinha quem respondeu:

- Não.

Com um suspiro exasperado, Bárbara soltou:

- Ai, cacete! – começou a se vestir, enquanto falava – Eu sinto muito, meninas. Errei de apartamento...

Cris deixou escapar sem querer:

- Tava bom demais pra ser verdade...

Bárbara parou na frente dela - toda arrumada de novo, com a bolsa pendurada, pronta para seguir seu rumo – e falou:

- Fica chateada não, gata. Toma. – entregou um cartãozinho para Cris – Me liga, que eu compenso o transtorno te fazendo um precinho camarada.

Completou a frase com uma piscada sedutora, antes de perguntar:

- Alguém sabe onde fica o 207?

Foi Silvinha quem respondeu:

- No corredor lá do outro lado.

Cris continuou parada, segurando o cartão, olhando fixamente para a retaguarda da prostituta que se afastava...

Só voltou a se mover quando ouviu Silvinha falar para a garota que permanecia boquiaberta do lado de fora:

- Vamos entrar?


Silvinha ofereceu a caipirinha que ainda estava segurando – a mesma que havia acabado de fazer para mulher de vida fácil – para a prima da chefe, com um sorriso quase melado:

- Quer?

Brenda olhou para ela, ainda desconfiada – ainda estava nervosa por causa do susto que havia levado - mas resolveu aceitar:

- Por que não?

Surpreendentemente, Silvinha continuou tomando a frente:

- Senta. Fica à vontade.

Cris ficou observando, sem dizer uma palavra. Na verdade, ainda pensando no que poderia ter acontecido se a chatinha no sofá não houvesse aparecido e feito a gostosuda descobrir que estava no lugar errado...

- Mas então... Fala um pouco de você, Brenda. O que você faz?

A pergunta inesperada a assustou. Ou talvez Brenda tenha chupado o canudinho com vontade demais... O fato é que se engasgou, tossiu, e acabou respondendo um pouco afogada:

- Sou figurinista, aderecista e cenógrafa.

Cris a olhou como se ela fosse de Marte:

- Ãh?

Brenda então fez questão de informar:

- Formada em Belas Artes na UFRJ.

Mas Cris ainda estava achando sobrenatural:

- Você vive de teatro?

O canudo fez um barulho alto, informando que a caipirinha dela havia terminado, antes de Brenda completar:

- Também trabalho com Carnaval. Bom, se isso é um problema, eu...

Fez menção de levantar, mas Silvinha a interrompeu:

- Pelo contrário! É muito legal. Eu acho o máximo!

Brenda tentou entender:

- O que? Carnaval?

Imediatamente, Silvinha esclareceu:

- Não! Quer dizer.... Também... Eu... Eu adoro arte!

Cris franziu a testa... O passeio preferido de Silvinha era ir ao Shopping Center... Mas não falou nada.

Com uma ousadia que nunca havia sonhado, Silvinha voltou a perguntar:

- E você está... Solteira?

A resposta foi rápida:

- Acabei de me separar.

Não satisfeita, Silvinha foi ainda mais arrojada:

- Era casada com homem? Ou mulher?

Cris não conseguiu segurar. Deixou escapar um:

- Afe!

Brenda também soltou sem pestanejar:

- Homem. Por que? Faz diferença pra vocês?

Cris começou:

- Na verdade...

Mas Silvinha não a deixou terminar. E foi verdadeiramente abusada:

- Nós somos lésbicas. – olhou Brenda dentro dos olhos, antes de completar: - Algum problema?

A resposta veio sem hesitar, nem piscar:

- Claro que não.

Continuaram se fitando profundamente. Um olhar repleto de significado. Até Brenda desviar para o copo que ainda segurava.

Toda solícita, Silvinha fez questão de oferecer:

- Quer mais?

Brenda aceitou, e agradeceu. Silvinha pegou o copo que a outra estendia, prolongando o contato das mãos muito mais do que o necessário...

Depois puxou Cris para a cozinha, se desculpando de forma exagerada:

- Com licença. Só um momentinho. Minha amiga vai me ajudar. Vamos te deixar um pouco sozinha, mas é rápido. Por favor, fique à vontade. Sinta-se... Em casa!

Assim que se viram à sós, Silvinha sussurrou:

- Nossa... Você viu que perfeita?

Cris respondeu com um sorriso safado:

- Bárbara, de verdade! Era algo, mas...

Silvinha a cortou, indignada, mas ainda sem falar num volume normal:

- Não... A Brenda...

Cris não entendeu mais nada:

- Brenda? Quem é Brenda?

Silvinha tapou a boca da amiga bem rápido, antes de voltar a sussurrar:

- Psiu! Ela vai ouvir... Fala baixo... A mulher da minha vida, que tá sentada lá na sala.

A perplexidade fez Cris quase gritar:

- Quê? A Carnavalesca que pelo jeito passa o ano fantasiada?

Com um olhar perdido, de um jeito quase visionário, Silvinha prosseguiu:

- Minha alma gêmea... Meu par perfeito... Minha cara metade... Tenho certeza! Posso sentir que estamos... Pré destinadas...

Cris só percebeu que estava sacudindo a amiga quando levou com os cabelos dela na cara:

- Silvinha, para com isso! Deixa de loucura! A maluca beleza multi color é prima da sua chefe, vai morar com a gente, não tá vendo que é roubada?

A primeira reação de Silvinha foi gemer e xingar:

- Ai! Cacilda Becker! Meu braço vai ficar todo roxo... Me solta! Puta que o pariu, Ana Cristina! Ai, ai!

Sem dar a menor importância para os protestos de Silvinha, Cris voltou a avisar:

- Esquece essa insanidade! Vamos voltar lá pra sala, e você vai fingir que é uma pessoa normal, tá?

Depois que Cris finalmente a soltou, Silvinha pareceu concordar:

- Tá.

Para logo depois, mostrar o quanto estava mal intencionada:

- Mas antes vou preparar mais caipirinhas para nós. Várias!

Sussurrou para si mesma:

- A bebida entra e a verdade sai...

Não baixo o bastante para a amiga não escutar. Cris tentou dar de ombros, sem resultado. Tinha certeza, antes mesmo de voltarem para a sala:

- Isso não vai prestar!


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Capítulo Três


- Ai...
Cris gemeu baixinho, ainda sem estar completamente desperta.
Continuou de olhos fechados, tentando manter a impressão deliciosa do sonho que estava tendo...
Sensação que misteriosamente permaneceu, mesmo estando inteiramente desperta.
Não abriu, arregalou os olhos, sentando na cama  num susto:
- Pelos deuses! O que é isso?
Imediatamente se arrependeu. A cabeça girou como um carrossel, simulador da NASA, ou sabe-se lá o que...
Enquanto tentava conter a ânsia de vômito que subiu garganta acima, no meio da escuridão absolutamente completa, a mulher no meio das pernas dela respondeu, sem soltá-la, nem parar o que estava fazendo:
- Shhh...Quietinha... Aproveita...
Cris não precisava enxergar, a voz era inconfundível:
- Brenda?
A resposta foi um grunhido. Acompanhado de um irresistível acelerar de língua...
Cris não conseguiu, sequer tentou reprimir um novo gemido. Voltou a deitar na cama, decidindo:
- Diabos! Amanhã eu penso nisso...
Apesar da turbulência mental e estomacal que o novo movimento fez ressurgir, rendeu-se. Entregando-se ao prazer proporcionado pela multi colorida.



Quando Cris acordou, assustou-se por estar despida. Na mesma hora olhou para o lado, e viu com alívio que estava sozinha.
Vestiu-se antes de sair do quarto, e entrou alegremente na cozinha. Espantou-se por encontrar Silvinha de cara fechadíssima
A amiga nem a deixou dizer bom dia:
- Puta que pariu, Ana Cristina!
Com um espanto verdadeiramente sincero, perguntou:
- Credo, Silvinha! Que foi que eu fiz?
Com um cerrar de olhos enfurecido, Silvinha não falou, rugiu:
- Ainda pergunta?
Os olhos de Cris se arregalaram, a boca se abriu. Ficou um instante parada, tentando decifrar o motivo daquilo...
Inútil.
Nem uma pista.
Silvinha gritou, o dedo em riste:
- Você comeu a mulher da minha vida!
Com a mão no peito de forma defensiva, Cris não entendeu:
- Eu?
Silvinha assentiu com a cabeça, antes de uivar o seguinte:
- Você não é mais minha amiga!
A afirmação foi tão absolutamente esgoelada, singela e infantil, que Cris ficou sem saber se chorava, ria, ou se defendia.
Não teve tempo de decidir. Silvinha completou:
- Nunca mais fale comigo!
Antes de cair num pranto convulsivo.
Sem pensar, Cris seguiu o mais natural de todos os impulsos: apertou a amiga entre os braços, tentando consolar e justificar:
- Eu não fiz nada, Silvinha! Juro que acordei sozinha...
Entre soluços e fungadas, com o nariz inchado e entupido, Silvinha protestou:
- Você trepou com a minha alma gêmea!
A primeira reação de Cris foi rir:
- Claro que não! Não aconteceu nada!
Silvinha soltou-se com um empurrão que Cris não previu:
- Como não? Eu vi!
Cris retrucou:
- Não inventa coisa que não existe! Nós não ficamos as três juntas na sala, tomando caipirinha?
Depois de um longo e significativo suspiro, Silvinha replicou:
- E depois?
Ficaram se encarando por segundos que pareceram não ter fim. Cris franziu o rosto, num esforço inútil de juntar as peças:
- Depois? Depois...
Nada. Uma grande ausência. Era só o que existia entre a última imagem da sala, depois de perder a conta do número de caipirinhas ingeridas, e o despertar no próprio quarto, completamente despida...
Silvinha repetiu:
- E depois, Ana Cristina?
Como uma aluna arguída que desconhece a resposta, Cris gaguejou:
- Eu... Eu...
Sem um pingo de pena pelo desespero evidente nos olhos da “ex amiga”, Silvinha insistiu:
- Você...?
Foi quando Brenda entrou na cozinha. Com um sorriso quente e íntimo, passou os braços ao redor do pescoço de Cris:
- Bom dia!
A última sílaba soprada contra os lábios dela, por onde já se aventurava a língua...
Cris não correspondeu, mas também não resistiu. Deixou-se beijar, sem fechar os olhos, que receberam o furor dos de Silvinha.
Sem perceber o clima, antes de soltá-la, Brenda ainda lhe sussurrou no ouvido:
- Você me deixa... Nem sei... Nunca senti isso...
Causando arrepios. Nem de longe do tipo que pretendia.
Completou com um felicíssimo:
- Já volto, linda.
E saiu.
Silvinha sacudiu a cabeça em reprovação, e Cris...
Tudo o que pode fazer foi dizer...
Três palavrinhas.
Expressão precisa do que estava sentindo:
- Puta que pariu!

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